“Mapa de Percepção de Riscos”: conheça a antropóloga e pesquisadora da UFF que participa dessa experiência de tecnologia social pioneira

fev 15, 2019Notícias, Tecnologia Social

 

No último dia 11 de fevereiro foi celebrado o Dia do Antropólogo e o Dia Internacional de Mulheres e Meninas na Ciência, instituído pela Assembleia das Nações Unidas desde 2015, com o intuito de promover o acesso e a participação de mulheres e meninas na ciência, dando mais visibilidade às contribuições científicas femininas em todo mundo. Para comemorar essas importantes datas, destacamos um pouco do trabalho desenvolvido pela professora, pesquisadora e antropóloga Ana Paula Mendes de Miranda, referência em estudos de segurança pública e violência, além de coordenar projetos de pesquisa e desenvolvimento de tecnologias sociais.

Ana Paula é doutora em Antropologia Social pela Universidade de São Paulo (2002), professora do Programa de Pós-Graduação em Antropologia da Universidade Federal Fluminense (UFF) e pesquisadora do Instituto Nacional de Estudos Comparados em Administração Institucional de Conflitos (INCT-INEAC – UFF). Tem experiência na área de Teoria Antropológica, com concentração em Antropologia Jurídica e Antropologia Política, atuando principalmente em pesquisas sobre os temas formulação, implementação e avaliação de políticas públicas; gestão da informação em segurança pública; crimes, conflitos e percepções da violência; e manifestações de intolerância religiosa.

O Mapa de Percepção de Riscos é uma experiência de tecnologia social desenvolvida pela pesquisadora, coordenada em conjunto com o professor Roberto Kant de Lima e a professora Jacqueline Muniz, ambos antropólogos, por meio de uma parceria entre o Núcleo de Ensino, Pesquisa e Extensão de Estudos Comparados em Administração Institucional de Conflitos (NEPEAC) e a concessionária de distribuição de energia elétrica Enel, antiga Ampla.

O projeto foi desenvolvido no âmbito do Programa de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico do Setor de Energia Elétrica (P&D), da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), que tem como objetivo aplicar recursos humanos e financeiros em propostas originais e relevantes, que tenham aplicabilidade em produtos, processos e serviços.

O foco da pesquisa voltou-se para a compreensão de como a violência e a insegurança podem afetar, direta ou indiretamente, a regularidade do serviço de energia elétrica em determinadas regiões, caracterizando-os como variáveis socioeconômicas determinantes na composição do cálculo das perdas não técnicas da empresa. Para os propósitos da experiência em tela, foram escolhidos dois municípios onde é elevado o índice de perdas não técnicas: São Gonçalo e Duque de Caxias. O resultado do P&D permitirá, em último nível, a discussão do cálculo do Índice de Complexidade Econômica atualmente adotado pela ANEEL.

O caráter inovador do projeto está na articulação de dados quantitativos, produzidos por distintas instituições, com dados empíricos qualitativos que expressam os sentidos e as lógicas envolvidas nas interações sociais. A articulação das duas metodologias é o que torna o “Mapa de Percepção de Risco” uma metodologia inédita capaz de delimitar os graus de risco de uma localidade de forma mais precisa, já que entram em sua composição as percepções da população residente na região, as dos funcionários da distribuidora de energia, os registros sistematizados de situações de vitimização vivenciadas pelos funcionários e novas variáveis quantitativas.

A professora Ana Paula Miranda também coordena outra relevante experiência de tecnologia social na UFF: o Curso de Especialização em Políticas Públicas de Justiça Criminal e Segurança Pública, oferecido desde 1999. A inovação desta iniciativa reside na sua proposta metodológica voltada à superação de um modelo instrucional, que tem por finalidade proporcionar um saber teórico (abstrato) ou prático (operacional), característico das instituições de ensino policiais, modelo este que não considera os contextos empíricos, nem leva em conta a natureza dos conflitos que os agentes de segurança e justiça se ocupam em seus cotidianos. O enfoque epistemológico está voltado para a desconstrução de valores institucionais não democráticos, de modo a favorecer uma interlocução sobre os modelos contemporâneos de produção de controle social que estejam em conformidade com a garantia dos direitos à diversidade e à diferença em diferentes contextos sociais.

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