As tecnologias estão cada vez mais presentes no dia a dia das pessoas, impactando relações e diversas áreas da sociedade, sobretudo a educação, possibilitando novas formas de ensino-aprendizagem no contexto escolar. Essa realidade também exige o desenvolvimento de estratégias para a formação do professor, que enfrenta desafios na utilização das tecnologias digitais da comunicação e da informação (TDICs) nas práticas educativas. Nesse sentido, a experiência de tecnologia social “Novas e Tradicionais Tecnologias para a Formação de Professores”, coordenada pela professora Rejany dos Santos Dominick, do Departamento Educação, Sociedade e Conhecimento da Faculdade de Educação (FEUFF), foi desenvolvida com o intuito de potencializar o uso e reflexões sobre as tecnologias na educação.
“Diversas políticas governamentais possibilitaram a chegada de diferentes artefatos tecnológicos para uso educacional em espaços escolares públicos. Algumas delas possibilitaram a aquisição de computadores, recursos digitais como câmeras fotográficas e jogos. No entanto, observamos a falta de formação docente que possibilitasse um diálogo do trabalho pedagógico com as tecnologias informacionais digitais”, explica a professora Rejany, destacando as motivações para a execução da experiência.
O projeto vem sendo desenvolvido desde 2010. Nos três últimos anos, o foco ficou na Escola Municipal Dom José Pereira Alves, no bairro do Fonseca, em Niterói, por meio da interação dos alunos do curso de Pedagogia, bolsistas de extensão, de PIBINOVA, de PIBIC e de Licenciatura-UFF, com docentes e alunos da Educação Básica. De acordo com a professora, é exatamente na interação que reside a inovação dessa experiência de tecnologia social. “É uma parceria da universidade com docentes e gestores das escolas públicas municipais, incentivando de forma criativa o uso das tecnologias informacionais e das demais disponíveis nos espaços educacionais, possibilitando uma troca de conhecimentos extremamente rica”, explica a professora.
Essa experiência de tecnologia social também foi pioneira para se pensar sobre outros aspectos necessários à formação de professores na FEUFF, desencadeando algumas ações desenvolvidas na Faculdade desde então. Uma Atividade Cultural denominada “Artes de fazer, de usar e recriar tecnologias nos anos iniciais”, oferecida aos alunos de Pedagogia no Laboratório de Informática, foi uma proposta que surgiu a partir dessa iniciativa de tecnologia social. “Ela vem sendo ofertada por mim uma vez ao ano com o intuito de usar esse espaço tecnológico para potencializar o diálogo dos futuros docentes com os possíveis usos das tecnologias informacionais em processos educativos. Não apenas fazemos usos educacionais, mas também discutimos sobre os reflexos dos abusos para a formação humana. Trabalhamos com aspectos da ética hacker, com a cultura da partilha e discutimos sobre os recursos educacionais abertos e gratuitos para uso pedagógico. A gente tem feito um bom trabalho e os alunos têm se envolvido bastante”, destaca Rejany.
A professora ressalta outras importantes ações desenvolvidas na Faculdade de Educação, envolvendo as novas e tradicionais tecnologias na formação de professores, como a roda de conversa “Formação docente e múltiplas linguagens no mundo conectado”, oferecida na Agenda Acadêmica da UFF, em 2018, por quatro docentes da FEUFF. Segundo ela, seu trabalho tem contribuído para articular outros docentes da Faculdade de Educação e do curso de Pedagogia com questões ligadas às tecnologias midiáticas. “Hoje, não me sinto sozinha! Há colegas que recém chegaram e também trabalham com a discussão sobre as mídias”, afirma. De acordo com a docente, também tem se observado uma intensificação na formação de docentes, tanto na graduação quanto em mestrados da UFF, com temáticas de pesquisa que envolvem usos e reflexões sobre novas, tradicionais tecnologias e tecnologias assistivas no ensino. “Mais recentemente, estamos estruturando, na UFF, o Observatório Internacional de Inclusão, Interculturalidade e Inovação Pedagógica. Fazem parte do projeto instituições brasileiras e estrangeiras”, complementa.
“Nós, da Educação, precisamos compreender que vivemos em um mundo conectado. Os alunos vivem em contexto de múltiplas conexões e a sala de aula precisa dialogar criticamente com essa realidade. As ações na Faculdade de Educação nos mostram que estamos no caminho para oferecer uma formação aos professores que possibilite a incorporação das ferramentas tecnológicas informacionais no âmbito educacional a partir do diálogo com a cultura dos grupos e com aquelas que são dominadas pelos docentes em seu cotidiano: uma tecnologia apropriada “pelos” sujeitos”, finaliza a professora.