Por: Fernanda Souza
O que você pensa quando se fala em estudar o futuro? Adianto que não significa adivinhar situações ou prevê-las, mas estar atento ao presente, captar sinais e tendências, e imaginar cenários possíveis para o futuro, desde os mais favoráveis aos mais desfavoráveis. Com ferramentas, métodos e técnicas é possível estudar um objeto e levantar sementes que possam afetá-lo a pequeno, médio e longo prazo.
Façamos um exercício: se imagine daqui a 20 anos. Alguns fios de cabelo branco, algumas horas a mais de sono para se sentir bem no dia seguinte, conta bancária positiva e agora você usa óculos! Vamos considerar estas algumas variáveis do seu planejamento.
Agora, retorne ao presente e pense: o que você pode fazer para auxiliar o seu eu com 20 anos a mais? Uma consulta médica agora pode te auxiliar a descobrir precocemente um problema de saúde e descartar o uso de óculos. Estudar sobre educação financeira hoje pode contribuir para a sua conta positiva. Cuidados com a alimentação também podem ser importantes para a manutenção da sua qualidade de vida. Esta é uma forma simples de imaginar futuros e os seus possíveis cenários. Percebe que a construção do futuro começa no agora? As ações que você adota hoje podem reverberar no amanhã.
Grandes organizações contam com equipes para planejamentos de pequeno, médio e longo prazo, estudos estatísticos, além de outras abordagens, de forma que possam conhecer seus pontos fortes, fragilidades, ameaças e as melhores práticas para se protegerem agora e no futuro.
E tudo isso tem uma razão de ser, pois para imaginar futuros possíveis, e até mesmo impossíveis, é preciso conhecer as suas práticas no presente e como elas podem te afetar no decorrer dos anos. E tudo isso tem relação com a vida em sociedade e os problemas sociais existentes. Soluções que estão sendo aplicadas hoje não foram pensadas e executadas da noite para o dia. É preciso planejamento, tentativa, erro, ajuste, repetição de processos, às vezes descarte de ideias, mudança de planos, e enfim, execução.
A trajetória do pensamento científico acerca dos estudos de futuro é extensa no mundo. No Brasil, este campo é consolidado há algumas décadas, com grandes nomes da ciência brasileira que contribuem continuamente para a sua expansão, como Rosa Alegria e Elaine Marcial, pesquisadoras que auxiliam na construção do pensamento de futuros no Brasil e no mundo.
Os estudos de futuro podem ser aplicados em diversas áreas do conhecimento, podendo funcionar inclusive como um importante aliado para o desenvolvimento social. Portanto, pensar futuros é exercitar a inovação e o pensamento fora da caixa. E você, já pensou hoje em que futuro quer para o Brasil de amanhã?
Fernanda Souza é graduanda em Segurança Pública pela UFF, pesquisadora assistente da Coordenação de Inovação e Tecnologias Sociais da UFF e assistente de pesquisa no Laboratório de Simulações e Cenários (LSC) da Escola de Guerra Naval (EGN). É mãe da Farofa, carioca suburbana e cervejeira.