A preservação e resgate da memória é pauta extremamente relevante quando se fala em desenvolvimento social. Mais especificamente, a preservação e resgate da memória audiovisual é um direito da população, pois sem memória não há identidade. A experiência de tecnologia social da UFF “Preservação e digitalização de filmes amadores fluminenses” existe e é concebida de forma pioneira para atuar nessa lacuna presente no campo da preservação audiovisual do Brasil.
Convidamos o Professor Doutor Rafael Luna Freire, Professor de História do Cinema Brasileiro no Departamento de Cinema e Vídeo e no Programa de Pós-Graduação em Cinema e Audiovisual da UFF, e também Coordenador da Experiência de Tecnologia Social “Preservação e digitalização de filmes amadores fluminenses”, presente no Catálogo de Tecnologias Sociais da UFF, para uma entrevista exclusiva sobre a importância dessa iniciativa para a sociedade.
A experiência funciona no âmbito do LUPA (Laboratório Universitário de Preservação Audiovisual), que é vinculado ao Departamento de Cinema e Vídeo da UFF, e o seu objetivo é ampliar as ações de preservação audiovisual nos campos do ensino, pesquisa e extensão, tanto dentro da universidade, como também colaborar, de maneira mais ampla, com a preservação do patrimônio audiovisual.
Legenda: Imagem do Laboratório LUPA (cedida pelo professor Rafael Luna).
De forma mais específica, o professor Rafael traz que a ideia da experiência é realizar um resgate regional e temático de filmes amadores produzidos no estado do Rio de Janeiro, levando em consideração a própria localização da UFF. O seu pioneirismo se dá pela particularidade do serviço, que não é desenvolvido por outros arquivos, sejam eles públicos ou privados.
Sabemos que projetos possuem dificuldades, seja para sua concepção, implantação ou para o próprio funcionamento, e quando se fala da experiência “Preservação e digitalização de filmes amadores fluminenses”, o professor Rafael destaca que:
“Nossos desafios são comuns ao campo da preservação audiovisual, como mão de obra especializada, acesso à espaços físicos para guarda, revisão e tratamento dos materiais, e equipamentos necessários para revisão e digitalização. Desde a criação do Lupa, o nosso esforço é criar uma infraestrutura técnica para o trabalho com essas películas, que muitas vezes são frágeis ou podem estar deterioradas ou demandam equipamentos obsoletos (…)”
A existência e funcionamento da experiência no âmbito do Lupa só é possível por meio de parcerias: institucionais e com os alunos. O projeto possui bolsistas, tanto na graduação, quanto na pós-graduação, que a partir do ensino do próprio laboratório aprendem a como tratar os materiais. E no campo das parcerias institucionais, foram essas que possibilitaram a aquisição dos equipamentos para a digitalização dos filmes, que vem junto com altos custos, já que são importados.
Porém, atravessando essas dificuldades, o trabalho desenvolvido na experiência assume um papel fundamental na memória social, resgatando filmes, que muitas vezes podem estar esquecidos na casa das pessoas, inacessíveis, e em formatos que necessitam de digitalização para serem conhecidos pelas pessoas. Além disso:
“Os filmes amadores são muitas vezes advindos de memórias pessoais, das famílias das pessoas, mas também trazem a memória de todo um período, todo um local e de todo um segmento da sociedade. Registros de festas, aniversários, ocasiões pessoais, se tornam elementos fundamentais da memória social mais ampla. No caso do Lupa, da memória fluminense, com registros locais da população, de hábitos e costumes”, destaca o professor Rafael.
O resgate, para além da memória social, também busca trazer visibilidade para a captação de imagens e do cotidiano de territórios que são menos lembrados na produção de materiais cinematográficos profissionais, como as cidades de Niterói, Cabo Frio, Teresópolis, entre outras.
Dessa forma, o professor Rafael enfatiza que a experiência de tecnologia social “Preservação e digitalização de filmes amadores fluminenses” busca reunir essas imagens e vídeos, que estão dispersas pelo Rio de Janeiro, para digitalizar e dar acesso aos materiais, permitindo que sejam compartilhados e conhecidos pela sociedade.
O Lupa, portanto, funciona como uma engrenagem, “(…) buscando manter e ampliar sua estrutura, ainda que se tenha uma situação de escassez de financiamento na cultura, memória e no ensino superior no Brasil”, pontua o professor Rafael.
Para finalizar, perguntamos ao professor Rafael quais dicas ele daria para alguém que tenha interesse em produzir e/ou desenvolver uma tecnologia social, e listamos abaixo as suas respostas:
1- Converse muito! Conheça como outras pessoas, grupos, entidades e universidades, têm tentado solucionar problemas semelhantes;
2- Sempre pense no seu contexto específico e aproveite suas potencialidades. Quais são suas parcerias potenciais? Quais são possíveis soluções que você pode ter para desafios comuns contando com essas parcerias?
3- Lembre-se: não existem soluções perfeitas. Busque entender o que você pode usar para criar soluções específicas na sua região e no seu contexto.
Para acompanhar o trabalho desenvolvido pelo Prof. Dr. Rafael Luna e a experiência de tecnologia social da UFF “Preservação e digitalização de filmes amadores fluminenses”, acesse:
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É importante que os projetos desenvolvidos pela universidade sejam destacados e divulgados na comunidade interna e mundo afora, para que possam servir ao seu propósito de desenvolvimento da sociedade. Se você é estudante, professor ou servidor da UFF, coordena ou faz parte de um projeto de tecnologia social, fique atento às nossas redes. Anualmente é aberta chamada pública para chamamento e registro de experiências de tecnologia social. Em breve traremos novidades! Enquanto isso, fique por dentro da última edição do Catálogo de Tecnologias Sociais da UFF, clicando aqui.
